terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Quem ganha e quem perde no jogo do poder


Devo admitir que nunca fui das mais entusiasmadas pelos debates políticos, digo isso sem medo de parecer burra, alienada ou desinteressada. Tenho minha opinião, minhas reivindicações, meu candidato favorito; pesquiso, procuro conhecer, penso e repenso meu voto, mas este é um tema que prefiro refletir individualmente. Minha paixão é o povo, o que lhe afeta, o que lhe interessa, o que lhe falta (coisas que ao meu ver, não deixam de ser discussões políticas)

No entanto, no dia de hoje me encontrei instigada a falar (como leiga advirto) sobre algo da política brasileira. Na realidade sobre a população politicamente ativa do nosso país.
Na semana passada o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) divulgou o perfil do eleitorado brasileiro. Nosso país atingiu em 2007 a marca de 127,4 milhões de eleitores. Não sei se deveria ou não ter ficado surpresa com a estatística que segue, o fato é que fiquei mais que surpresa, fiquei assustada. Do total de eleitores do país, 51,5 %, mais da metade, não concluiu o ensino fundamental e 6,46 %, o equivalente a 8,2 milhões de eleitores, é analfabeto.

Na manhã chuvosa de ontem, mais um dado me alarmou, li na Folha que um em cada cinco jovens entre 18 e 29 anos e que vivem na zona urbana abandonou a escola antes de completar o ensino fundamental, segundo trabalho feito pela Secretaria Geral da Presidência da República com base na Pnad 2006 (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), do IBGE.

Penso nisso como uma fileira de dominós, fragilmente colocados, um em frente ao outro. Se um balança, todos os outros caem, num fluxo contínuo até que a última peça vá ao chão.
Ou, para continuar com o pensamento lúdico, como num tabuleiro de xadrez. Não é permitido ao peão se movimentar de maneiras diversas, ele só pode andar casa a casa na mesma direção. O principal objetivo do jogo é proteger o Rei, quando o Rei está em xeque, é obrigação do jogador tirar o rei de xeque, qualquer outra jogada, que não resulte no fim do xeque, é considerada ilegal. Há três maneiras para sair de xeque: movendo o Rei para uma casa não ameaçada; tomando a peça que ameaça o rei ou interpondo uma peça entre o Rei e a peça atacante.

Para bom entendedor um pingo é i.

Como iremos exigir voto consciente de uma população que não tem acesso ao mínimo de educação e conhecimento? Como estas pessoas terão a educação necessária se os eleitos não dão a devida atenção ao tema depois dos belos e intermináveis discursos políticos?
Mas afinal, que vantagem há em educar a população?

Vivemos em um país que delega aos jovens a responsabilidade por salvar o Brasil, mas nossos jovens não têm tempo para isso, nem para a escola. "Um mês depois de ter recuado na decisão de realizar um corte de 80% nas verbas do Peti (Programa de Erradicação do Trabalho Infantil), o governo federal ainda não repassou os recursos deste ano a nenhum dos 2.206 municípios brasileiros que são atendidos pelo programa"(Folha de S. Paulo)

Pode até ser lugar comum, mas muitas vezes o comum nos foge ao alcance.

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