segunda-feira, 25 de maio de 2009

O Neverland das inspirações


Era uma vez um galpão de arquitetura inglesa no bairro da Lapinha. O lugar se chamava Neverland das inspirações. Lá várias inspirações seguiam apressadas os corpos de seus donos. Altas, baixas, morenas, gordas, magrinhas, desajeitadas...
Grampeadas pelos ombros, as inspirações se encontravam nos banheiros, tomavam lanches juntas e até dor nas costas sentiam pelas horas a fio acompanhando aqueles corpos.
Durante anos as inspirações permaneceram ali, cada uma em sua baia, escravizadas pelos corpos que pareciam não compreender que a rotina das inspirações era diferente da deles. Elas necessitavam descanso, seguro desemprego, horário de almoço e aparentemente não produziam durante o horário comercial regular, mas os corpos intransigentes não queriam saber, eram adeptos do trabalho escravo.
Um belo dia, uma inspiração revolucionária resolveu fazer greve! Desprendeu-se do corpo de seu dono e correu...Num ato praticamente suicida a inspiração se jogou janela abaixo. Não se sabe se ela morreu, se hoje vive nas Ilhas Maldivas surfando, se encontrou um corpo menos autoritário ou se está na fila dos desempregados, afinal com a crise econômica o mercado não está lá muito bom para as inspirações.
Algumas outras inspirações se empolgaram com o ato de coragem daquela revolucionária e seguiram o exemplo, fugiram. Correram cada uma para um lado num ato de libertação.
Durante uma semana nada se fez naquele galpão de estilo inglês. Os corpos ficaram todos ali, prostrados em frente a uma tela em branco de Word.
Depois de uma semana a inspiração que fica ao final do corredor teve uma ideia, preencheu aquelas vagas com inspirações novas em folha, recém saídas do casulo....mais dispostas e que cobravam menos pelo trabalho. Assim ele poderia sugar tudo das novas inspirações e quando elas já não servissem poderia trocá-las novamente...A inspiração do fim do corredor se achou brilhante, sentiu-se a mais esperta de todas as inspirações. Ela só não imaginava que as inspirações revoltosas estivessem todas juntas, treinando na Venezuela com Hugo Chávez. As inspirações se organizaram em guerrilhas e voltaram para tomar o poder na Lapinha...Infelizmente não deu certo, pois algumas inspirações infiltradas e X-9 caguetaram o plano que foi por água abaixo.
E todos viveram infelizes para sempre, menos a primeira fujona que depois se soube pelo Jornalistas & Cia que estava de fato vivendo nas Ilhas Maldivas e se dedicando a projetos pessoais.


PS: Este texto não foi inspirado pela utilização de nenhum tipo de droga ilícita, e sim pelo comentário de uma inspiração vizinha de mesa, Dani

diálogo

- Assessoria de imprensa X bom dia
- Bom dia, eu sou repórter e gostaria de falar com o assessor de imprensa responsável pela conta da empresa Y.
- Ah sim, claro, vou te passar para o Carlãozinho
- Para o Carlos?
- Não, para o Carlãozinho
.
.
.
- Olá quem fala?
- É o Carlãozinho

INCRÉDULA

- Oi Carlãozinho

ENVERGONHADA

- Você pode me enviar algumas fotos do produto Z?
- Sim, é claro. Você pode fazer este pedido por e-mail?
- Claro. Para qual e-mail envio o pedido?
- Carlaozinho@ xxxxxxx .com.br

terça-feira, 12 de maio de 2009

Próxima parada


Próxima parada: estação Água Branca
Amontoados.
Minha mala atropela uma mulher morena, que simpática diz, não se preocupe.
Não me preocupo.
Próxima parada: estação Barra Funda, é aqui que eu fico
Para trás as palavras escritas, o vinho bebido e a irritação sentida
Logo atrás os passos apressados e o funil de gente que se espreme a fim de subir quanto antes a escada rolante. Todos parecem estar vivendo seus últimos segundos. Será que aquela correria desenfreada tem razão de ser, ou como o coelho de Alice eles só têm pressa?
Eu tenho pressa, quero fugir o quanto antes.
Meus olhos cansados se fixam nas luzes refletidas nas águas negras do rio.
Cansaço.
Baixo as pálpebras tentando acelerar esse momento, este vácuo entre aquilo que é e aquilo que foi, entre aquilo que foi e o que nunca voltará a ser...
Por alguns instantes gostaria que esse trajeto não terminasse, assim poderia permanecer ali, bem no meio do caminho, eternamente perdida entre dois lugares que não me pertencem.
Solidão.
No meio fio já posso sentir o cheiro, aquele cheiro. Não sei dizer se é de grama, de terra molhada ou de ar limpo, mas o cheiro está lá, já me arranca um sorriso.
Depois disso, acalento.
Momento piegas, abraço, beijos, colo, carinhos...
Pudera esse momento não ter fim, mas, toda escolha implica uma renúncia.
No ultimo momento a água lavou o mundo, meu mundo.
No horizonte uma ponte em vermelho, laranja, amarelo, verde, azul e lilás indicava o caminho de volta...
Marginal parada

Estou de volta

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Queria...


Queria escrever mais neste blog, juro que queria
Queria ter idéias boas pra ele todo dia
Queria pensar em pautas brilhantes no trabalho
Queria que minhas matérias fossem corretas, desafiadoras, criativas e tocantes
Queria ler mais livros, mais jornais e mais revistas
Queria estudar mais para minha pós-graduação
Queria conseguir ir à academia todos os dias
Queria ficar magra e malhada como a moça na capa da revista
Queria beber menos
Queria comer mais e não me preocupar com isso
Queria não falar mal das pessoas
Queria fazer um trabalho voluntário
Queria ter mais atitudes reais perante minhas indignações e convicções
Queria ter mais paciência
Queria ser mais menina, mas só um pouco
Queria ir mais à praia
Queria conseguir não me estressar tanto
Queria passar mais tempo com meu namorado
Queria ir mais para Agudos, passar um tempo com minha mãe, irmã, primas...
Queria passar mais tempo com meu pai
Queria ter mais tempo pra mim, mesmo querendo fazer tantas coisas

Acho que queria mesmo era não precisar de tanta coisa pra ser feliz....Será que isso existe?