terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Sampa


Foram tantos os que te cantaram amor ou ódio, milhares os que te amam, incontáveis os que te odeiam, muitos até se dividem e caminham na corda bamba desta tênue linha.
Eu arrisco nestas linhas um ensaio.
Nossa relação comemora anos, 6 já se passaram, do começo, daquele fitar despretensioso, quando encantada admirava suas formas, seus apelos, seus encantos. De longe te admirei, te quis como minha mais nova conquista, te desejei, e com ímpeto de Leão (daqueles de agosto e daqueles de sangue) decidi que seria meu troféu.
Logo, a dura realidade da relação se fez ouvir, como ruído constante que em nenhum momento me deixava. Os “R” ainda se enrolavam na língua antes de sair acanhados da boca caipira.
Você, prepotente, não se deixou conquistar, me tirou a identidade, de repente não era mais ninguém, nada me pertencia, me tornei um qualquer que perdido procurava seu lugar, sem nem saber que lugar era esse.
Não podia voltar, o antes já não me pertencia, nem eu pertencia a ele, mas você não me abriu os braços facilmente, não se compadeceu da minha agonia.
Logo a paixão se fez rancor, a admiração, desprezo, e o novo, se fez temor. Em suas entranhas me perdi, quantas lágrimas derramei querendo apenas um pouco de sua atenção, compreensão, paciência. Mas você, apressada, ocupada, atarefada, não me deu ouvidos.
O nome e sobrenome você transformou em número, mais um.
Pensei em te deixar, ah, como pensei em te deixar, te dar as costas como você havia feito comigo. Voltar.
Mas um Leão tem seu orgulho e seu brio. Ergui a cabeça e enfrentei você, já não sabia pelo que lutava, já não sabia se valia a pena esta luta, mas segui.
A relação se solidificou, nossa linguagem se assemelhou, o “R” já não é mais problema.
Hoje sou Leão novamente, sou nome e sobre nome, sou alguém. “Não tenho medo de saber quem não sou, nem de parecer que eu sou”. Você finalmente me deu o reconhecimento que eu tanto procurava. Voltamos a nos olhar, nos fitamos durante alguns momentos, a reconciliação aconteceu e foi doce.
Hoje, o nome impresso é o presente desta comemoração. Foram necessários 6 anos para que eu deixasse e voltasse a ser Natália Leão Garcia, com muito mais coisas na bagagem do que aquelas peças de roupas e pedaços de sonhos que encheram as malas em 2003. Meu nome está gravado nas suas Ruas, Avenidas e na Sua história.
"Porque és o avesso do avesso do avesso do avesso"