quinta-feira, 7 de julho de 2011

"A vida que sonhamos ter depende da determinação de ser quem somos"

Texto de Márcia de Luca, fundadora do CIYMAM - Centro de Integração de Yoga,Meditação e Ayurveda (SP) Revista de bordo da Gol (edição de maio/11)
CORAGEM, AMIGOS!
A vida que sonhamos ter depende da determinação de ser quem somos
 
Ao nascer o ser humano recebe um presente: o livre arbítrio. Graças a ele temos o poder de traçar o nosso destino,criar a nossa realidade.Fazemos isso diariamente através de cada pequena e grande escolha - para o bem ou para o mal. A grande sacada é aprender a viver de maneira sábia, o que significa visaR não apenas o bem estar individual, mas também o de todos os envolvidos, em cada situação que experimentamos.
Viver dessa forma exige coragem – de ser quem a gente é, de assumir os nossos pontos fortes e fracos, os nossos gostos.... Somente a pessoa corajosa consegue ver a si mesma verdadeiramente, sem máscaras nem desculpas. Ao assumirmos definitivamente a coragem, nossa vida se torna poderosa,grandiosa. E essa virtude passa a ser exercitada em todas as áreas de nossa vida: íntima, familiar,social,profissional e espiritual. E, quanto mais corajosos somos, mais adiante vamos - assumindo riscos,defendendo posições.
É o oposto do que faz um cachorrinho domesticado, o oposto do que fazemos ao apenas seguir os conceitos estabelecidos pela sociedade. Quem apenas repete padrões de comportamento não tem coragem de ser diferente, de inovar, de reinventar.
Este é o momento para você aprender a cantar a própria canção, desenvolver a coragem para decidir o que é melhor para si sem obedecer a normas e regras genéricas. É a hora certs para começar a ser autêntico, verdadeiro, único.
Para isso, é preciso quebrar o paradigma da segurança da forma míope como a entendemos no mundo ocidental - traduzindo-a em dinheiro e sucesso profissional.Para os mestres orientais, segurança é a sabedoria de apreciar a insegurança. E esse é o mecanismo que o universo usa para nos mostrar coisas novas, inusitadas, para nos surpreender.
Aprender a abraçar a insegurança significa manter acesa a chama da vida. O universo está sempre propondo surpresas. E o gosto de descobri-lás pode ser imenso se nos abrirmos para a impermanência. A partir daí, nossa capacidade de apreciar a insegurança se torna paradoxalmente a maior de todas as seguranças. E é o que nos enche de coragem.
Ao trazer alegria,encantamento,romance,compaixão e coragem para sua vida, você estará afinando todos os instrumentos de sua orquestra interior para brilhar como uma estrela de primeira grandeza. Então, coragem, meu amigo! 

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Esperar, acreditar e insistir

Foto: Thiago Santos
Quando os olhos finalmente se abrem é possível entender as lições escondidas nas sutilezas de cada instante. O surfe tem me presenteado com alguns desses ensinamentos. Três lições têm sido especialmente importantes nesse momento específico da minha trajetória. No surfe, como na vida, é preciso esperar, acreditar e insistir.

No momento em que entra na água você já sabe que passará grande parte do tempo esperando. Esperando pela onda certa, por exemplo. Mas entenda, a onda certa nem sempre é a onda perfeita. Às vezes é aquela onda pequena, quase uma marola, que você pensa em desprezar, mas no fim proporciona tanto prazer quanto qualquer outra. Vez ou outra, a onda certa é aquela que amedronta, que devora, que derruba. O fato é que todas ensinam algo.

Quem surfa também espera dias, semanas, até meses por uma boa ondulação, afinal, tem dias que a maré não está a nosso favor. Na vida não é diferente. Passamos dias esperando uma proposta de emprego, meses esperando aquele dinheiro entrar, e anos esperando que um grande amor apareça.

Tanto na vida quanto no surfe, não podemos prever quando a maré finalmente vai estar a nosso favor, só podemos esperar que isso aconteça, sem desprezar as marolas e sem temer as ondas vorazes.

Se você quer surfar é imprescindível acreditar. Acreditar que vale a pena remar por horas, mesmo em más condições. Acreditar que vai conseguir atravessar a arrebentação, acreditar que as ondas vão compensar o esforço. Acreditar que sim: se eu me esforçar dá pra pegar aquela onda, sim se eu tentar mais uma vez vou dropar, sim, se eu não desistir vou alcançar.

No momento em que se está no mar, sentado, se equilibrando sobre a prancha e lá longe é possível ver uma movimentação, a aguá adquirindo velocidade, no horizonte a ondulação crescendo em sua direção, só há duas opções: acreditar e remar com toda vontade ou desistir e perder a onda. Não existe meio termo. Na vida não é diferente.

Existem pessoas que ficam sentadas, olhando a vida passar e existem aquelas que se jogam, mesmo sabendo que podem se afogar ou que podem não alcançar a onda. Mas é preciso se lembrar: “É só água”, como diz uma grande amiga minha. O ar está logo alí e mesmo o pior dos caldos te ensina a sobreviver.

A terceira lição que aprendi com o surfe foi insistir. No início são horas de esforço físico por pouca recompensa. São horas, dias, meses, até anos de sacrifícios, dores musculares, abnegações, viagens na madrugada. São minutos intermináveis remando, tentando passar a arrebentação para segundos em pé em uma onda. Há dias em que você cai, cai, cai, cai, cai, e pensa em desistir. Mas também há aqueles em que você evolui, afinal, é das adversidades que surgem os aprendizados. O importante é que se você tiver a determinação necessária, a natureza e o esporte te recompensarão com os melhores segundos da sua vida. Aquele momento em que você, a prancha, o mar e o ar se tornam um.

E se na vida você achar que não vale a pena insistir, tenha certeza que você vai se afogar. Na vida não dá para colocar a prancha embaixo do braço e desistir, não tem colete salva-vidas, nem bote de resgate. Correndo o risco de parecer piegas, digo que a música está certa: “A vida vem em ondas”, às vezes ela te derruba, às vezes te conduz. Cabe a você escolher se vai surfar pela vida ou apenas boiar enquanto ela passa.

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quarta-feira, 30 de março de 2011

realizar, perceber, imaginar


Leitura de Onda Um Pontão real Por Tulio Brandão em 24/03/11 01:45 GMT-03:00 Para o site Waves


Realizar. Entrei na água, domingo passado, pensando nos significados desse verbo. O velho Pontão do Leblon quebrava bonito para um surfista de quase 40, e, enquanto eu remava pelo canto da pedra, lembrei que, em inglês, realizar quer dizer também perceber, imaginar. Não costumo gostar de anglicismos, mas deste sempre gostei. Amplia e melhora o verbo. Direitas de 1 metro escorriam ligeiras pela bancada ajeitada por sucessivas ondulações de Leste, para a alegria dos amigos de sempre daquele pedaço de mar – Xande, Dinho, Fabinho Barcelos, Minduim, Trekinho, Sifu, Gel e tantos outros. Eu, cá com a minha falta de ritmo, percebia os sutis – ou nem tanto – ônus de se afogar em trabalho por tanto tempo longe da prancha e do mundo ideal. Não há salário que pague a debilidade na remada, a distância cada vez maior para o seu surf original numa onda. O amigo Dinho gritou: “vai, Tulio!”, diante de uma direita que se armava em pé aos meus olhos. Eu estava mal posicionado. Na onda e, talvez, na vida. Quando eu sair da água, pensei, tenho que botar a prancha na mesa e negociar com o mundo real: eles precisam entender que eu preciso surfar com mais frequência para ser um bom profissional fora da água. Muitas vezes, a questão também é com o verbo realizar, no seu sentido menos abstrato e mais comum aos lusos. É fazer, é acontecer. É dar um jeito de madrugar para surfar nos primeiros raios de sol da manhã, mesmo sabendo que o dia e a noite vão ser longos – de verdade. Antes que a preguiça e o discurso perdedor me tomassem, virei o bico numa boa. Foi o suficiente para voltar com um sorriso no rosto, sem a lembrança da falta de forma que me atormentava. Como é incrível o poder de cura do surf – já dizia um adesivo dos anos 80. Voltei para o line up encasquetado com a boa qualidade das ondas naquela tarde. Não pude deixar de pensar que, a partir do dia 11 de maio, os melhores surfistas do mundo estarão por perto para disputar uma etapa do WT no Rio, depois de uma década de eventos em outras praias brasileiras. Será que as ondas do Pontão do Leblon serão consideradas? O mês do evento é o período em que chegam ao Rio as primeiras ondulações robustas de Sul do ano. E, neste caso, a opção mais extrema e interessante é, de fato, o Pontão. Seria a realização – olha aí mais um significado para o verbo – de muito torcedor lebloniano. É só cuidar para o poder público não jogar esgoto em cima dos surfistas. O verbo que abriu o texto, lá em cima, vem da expressão “real”. Pois o Pontão daquela tarde de domingo, incluindo todos os devaneios trazidos pelas ondas, cabe na definição mais filosófica dessa palavra: “diz-se de tudo o que é”. Um dia de surf, com todas as suas imperfeições, simplesmente “é”.
Tulio Brandão é colunista do site Waves e autor do blog Surfe Deluxe. Trabalhou três anos como repórter de esportes do Jornal do Brasil, nove como repórter de meio ambiente do Globo e hoje é gerente do núcleo de Sustentabilidade da Approach Comunicação.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

pensamento do dia

"Você tem que merecer estar lá. É fundamental a dedicação, mas tão importante quanto é o equilíbrio na vida. Até porque, no surf (e na vida), você não controla muito as coisas".

Carlos Burle
Surfista