quinta-feira, 29 de julho de 2010

Coisa de pai


Depois de uma noite repleta de lágrimas, cheia de mágoa, de medo, insatisfação, sentimento de fracasso, decepção...tudo que dá aquela dorzinha no coração...você acorda e encontra do lado do seu prato, na mesa de café da manhã posta, o seguinte bilhete:


"Bom dia dadezinha.

Não se esqueça que Deus te fez linda para que os feios te admirassem, te fez inteligente para despertar a fúria dos burros e te fez forte, não para rir, mas para chorar a fraqueza dos que a invejam.

Te amo muito, com o coração cheio de orgulho.

Beijos Dadezinho"


Nesse momento você se lembra de tudo que vale a pena, de como você se tornou a pessoa que é hoje e do que realmente importa na sua vida.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Não tem graça nenhuma


Veja bem, não é que eu seja mal humorada, nem ranzinza, muito menos triste. Pelo contrário, me considero uma pessoa bem alegre. Mas preciso admitir, meu senso de humor é zero! (me refiro ao senso de humor comum, aquele que faz a maioria das pessoas rirem das mesmas coisas).

Vamos aos fatos:

Odeio palhaços.

Acho aquela cara pintada triste e até um pouco amedrontadora. Os gestos e expressões exagerados e aquele humor forçado me deprimem um pouco.


Odeio piada.

Na minha opinião, salvo raras exceções, nenhuma piada tem graça. Pior! A pessoa que conta a piada acha aquilo o máximo e já conta rindo, isso te deixa na obrigação de rir também. E quando tem outra pessoa no recinto que gosta de piada? Puts, daí ferrou de vez porque a sessão piada só vai acabar daqui uma hora e meia, quando os dois desagradáveis perceberem que você está entediado com aquela ladainha sem sentido. (isso pode levar horas para acontecer)


Odeio programas humorísticos.

Este tópico dispensa comentários. O que são aqueles quadros do Zorra Total? Ou aqueles dois tentando ser o Gordo e o Magro? E essa onda de humilhar as pessoas ou tentar colocar políticos na berlinda? Por favor, isso não só não é engraçado como tem a pretensão de ser inteligente sem nunca alcançar este objetivo. É mais que sem graça, é irritante. E humor com criança éntão? (também odeio crianças prodígio) Aquela Maísa me deprime.(Exceção: Preciso abrir uma exceção aqui para o programa “A grande família”, que na minha opinião faz uma sátira inteligente e bem humorada do dia-a-dia de pessoas comuns, isso sim, é muito engraçado, reconhecer ali as bizarrices de gente da sua família, vizinhos, amigos e suas próprias).


Odeio filmes de comédia.

Gente, será que eu tenho algum problema ou 99% dos filmes de comédia são um ultraje à inteligência de qualquer ser humano? Eu ia citar alguns filmes, mas é impossível, quase nenhum se salva, é sempre a mesma formulinha: piada pronta da mais baixa qualidade com um pouco de apelação aqui e acolá.


Odeio stand-up comedy

Virou moda né? Qualquer boteco agora tem uma noite de stand-up comedy. Para aqueles que não sabem é aquele tipo de show onde um humorista fica lá no palco contando todo tipo de piada. Ouvir piada de graça já é ruim, imagine ter que pagar para ouvir piada? E a vergonha alheia que me dá? O cara tá lá, em cima de um palco dizendo coisas sem graça durante horas e na maioria das vezes ele está tirando sarro dele mesmo, ou de alguém da platéia. Eita programa de índio!


Mas, para me redimir no fim desse post...Tem coisa mais engraçada que desenho animado?

Me mato de rir, rolo no chão, dói o abdômen. Adoro aquela graça sutil, despretensiosa, que não é obvia, mas te arranca um sorriso sem você perceber. Eu particularmente adoro os pingüins de Madagascar, três espiãs demais e phineas e ferb. Além é claro dos filmes de animação que sempre se superam.


Chata, eu?


quinta-feira, 27 de maio de 2010

Fugir para o mar



Desde bem pequena eu escuto meu pai contar para todos a história da primeira vez que ele me levou para ver o mar. De acordo com suas lembranças eu devia ter uns 2 ou 3 anos e estávamos em viagem pelo sul do país, não me lembro agora se era o litoral de Santa Catarina ou do Paraná, e estávamos em qualquer outra estação do ano, que não o verão, logo as águas do sul estavam gélidas. O fato é que, segundo meu pai, assim que chegamos à praia ele tirou meus sapatos e me deixou com os pés na areia. Depois de tirados os sapatos não deu mais para segurar, corri desenfreada para o mar, fazendo com que a mãe, sempre mais responsável que o pai, corresse nervosa logo atrás com medo de onde esse desatino pudesse acabar. Os dois dizem que eu era pura euforia. Minutos depois veio a tentativa de me tirar do mar. Meu pai tentou o mais obvio: comida! “Filha vamos almoçar”, “EU JÁ ALMOCEI”, enfática e tinhosa, sinais claros de como viria a ser depois de crescida. Foram várias tentativas de negociação, todas frustradas. Obviamente, devido à pouco idade, não me lembro deste dia, mas posso imaginar a alegria, a sensação de liberdade daquele breve momento e vocês querem que eu saia de lá para ALMOÇAR? Nãnãninãnão, nada feito, nem pensar! Ufff pena que criança não tem a última palavra. Fui arrastada aos prantos para fora do mar.


Bom...Mais de 20 anos se passaram e ainda corro para o mar como uma criança, desenfreada, apaixonada e encantada por aquela imensidão. Parece obvio, mas, por mais estranho que isso soe aos meus ouvidos, tem gente que não gosta de praia. (OLHOS ARREGALADOS), é, assim mesmo, não gostam. Minha irmã mesmo, sangue do mesmo sangue, não é a maior fã. Dizem que a areia pinica, que o sal gruda, que o sol queima e que a água gela. SIM, a areia pinica, SIM, o sal gruda, SIM o sol queima e SIM a água gela, e tudo isso faz parte dessa experiência divina (no sentido literal da palavra) que me faz sentir viva.


Dito isso vou contar para vocês sobre a minha mais nova empreitada, o surf! No fim de 2009, atolada em trabalho, estresse, cansaço e insatisfação meu corpo começou a reclamar. Dores e mal estar que culminaram em uma alergia sem fim. Sim, alergia do trabalho, hahahahahaha. Fui para a Bahia de férias...Praia do Forte...lá percebi que o real motivo de toda aquela alergia era minha insatisfação com a vida que estava levando. Ok, de volta a São Paulo, o que fazer? Vou aprender a surfar! Sob olhares e comentários surpresos, sarcásticos e desanimadores decidi que esta seria minha meta em 2010. Não uma brincadeira, uma vontade passageira, mas uma meta. No carnaval o primeiro passo, ou melhor, o primeiro caldo. Fui viajar com uma grande amiga, amiga que me ensinou muita coisa e que me inspirava a me aventurar no surf, já que, ela mesma transbordava alegria em cima de uma pranchinha 6’4’’. Deixa os marmanjos todas boquiabertos.


Bom, com a prancha emprestada cai no mar de Itamambúca, Ubatuba. Vou confidenciar: nunca pensei que fosse tão difícil. Mal consegui me deitar na prancha, as remadas sofridas eram interrompidas pelas ondas que me arrastavam de volta à areia. Pensaram que eu ia desistir. Pensei em desistir. Mas sou leonina, e você já viu um leonino desistir? RA-RA-RA. Eis que, após horas de afogamentos, um surfista me diz: “Quer ajuda?”. PORRA, MAS É CLARO QUE EU QUERO AJUDA, ESTOU ME AFOGANDO AQUI, ME MATANDO DE REMAR SEM SAIR DO LUGAR ENQUANTO TODOS RIEM DA MINHA CARA, SIM EU QUERO AJUDA! ... Não, eu não respondi isso, mas juro que pensei! A resposta real foi: “Por favor”. Aos risos o moço diz: “Larga a prancha e nada, mas nada como se você estivesse sendo perseguida por tubarões brancos famintos” (Ok gente, ele foi didático). Nadei, nadei, nadei, nadei, e quando vi, estava lá, do lado dos surfistas, tentando sentar na prancha, que mais parecia um touro mecânico. Eu não tinha mais ar, meus músculos doíam, minhas costas ardiam, mas eu não estava nem um pouco afim de desistir, ainda mais agora, que já estava ali. Determinada remei em direção a uma onda. Alguns diriam “eu peguei minha primeira onda”, no meu caso foi “a primeira onda me pegou”. Deitada, sem nem me atrever a tentar levantar, desci aquela onda. Naquela hora TUDO valeu a pena, a dor, o cansaço, o desconforto, a vergonha, o medo. Em cima daquela prancha eu só senti o vento, a velocidade, o mar, uma plenitude, uma solidão, não daquelas tristes, mas daquelas que te fazem sentir único, fazem sentir que aquele momento é só seu, de mais ninguém.


Deste momento em diante soube com toda certeza que queria mais daquilo, queria sentir de novo aquela sensação, mais e mais vezes. Encontrei uma escola de surf, me matriculei e lá fui eu a mais pangaré de todas as surfistas. Vou avançar a fita para vocês não se cansarem da história (se é que já não cansaram)...comecei no long, o pranchão, caí, caí, caí, caí, caí (multipliquem esta palavra infinitamente)...FIQUEI EM PÉ! Passei a pegar ondas maiores. Caí, caí, caí, caí....FIQUEI EM PÉ! Passei para uma prancha menor, a fan, caí, caí, caí, caí, caí, me afoguei, tomei caldo, caí, caí....FIQUEI EM PÉ!


No sábado retrasado tomei o maior caldo da minha vida, juro que achei que fosse morrer, me senti dentro de uma máquina de lavar, nem sabia mais pra que lado estava o ar e para que lado estava o mar...mas também peguei a maior onda da minha vida...naqueles breves segundos, quando o mundo é todo seu, todo o resto perde a importância e você fica bem perto de Deus.



Todos os finais semanas agora são dedicados ao surf, portanto, aguardem novas histórias, podem rir, porque com certeza ainda vou cair, cair, cair, cair e cair...como criança que corre desenfreada para o mar.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Ainda há beleza

Sim, eu abandonei meu blog.
Sim, me sinto culpada por isso. (Ah, nem tanto vai).
Sim, eu sei, não é a primeira vez que isso acontece.
Ok, feitas essas considerações vamos ao que interessa. Hoje, pra ser mais precisa, às 21:27hs, exato momento em que escrevo este texto, uma coisa minúscula no blog da Dani salvou a minha semana. Explico. Ontem foi um daqueles dias que, caso houvesse esta opção, eu riscaria do calendário. Foi um dia pesado, chato, chateante, triste, exaustivo. Ontem tive que lidar com atitudes que eu desprezo, como a arrogância e a grosseria. Infelizmente parece que este tipo de atitude são comuns no meu ambiente de trabalho. Saí daqui me sentindo péssima, um lixo, uma profissional horrível, um ser humano que não se reconhece e que parece estar se tornando algo que não queria ser, perdendo o que tem de melhor, sabe? (é, meio emo, mas fazer o que?)
Hoje, quando às 21:25 hs eu consegui parar de trabalhar, resolvi dar uma espiada no blog da Dani me deparei com o seguinte post:

E falando em beleza...

(se você não entendeu o título, leia o post abaixo)

A linda Jady me colocou num quest muito legal - ok, ele nem é TÃO difícil, mas me fez a maior massagem no ego :)

As regras:

1) Primeiro, você entra aqui e assiste o filminho (lindo!);

2) Depois, você diz um mínimo obrigatório de 5 coisas bonitas na sua aparência; 5 coisas legais da sua personalidade; e 5 elogios que você recebe sempre;

3) Indicar 5 amigas (os) que você ache lindas para fazerem a mesma coisa e dizer uma coisa que você ache lindo nelas (es).

Bom, vou dar uma puladinha no post da Dani....o fato é que na parte dos amigos lindos, lá estava eu, sim euzinha Natália Leão...querem a prova? aí está...

"Bom, amigas e amigos lindas (os):

1. Carol - carinha de guti-guti! (só porque é minha mana hahahahah)
2. Natália - além de linda é incrivelmente alegre
3. LM - a inteligência dele me assombra sempre
4. Dennis - um verdadeiro lorde inglês
5. TC - gente, quanta sabedoria... "

Sabe, o que me deixou feliz nem foi o linda, (ok, adorei o linda) mas o incrivelmente alegre. Em um momento em que eu estava me achando o cúmulo da chatisse vem a Dani e fala isso, sem interesse nenhum. Me fez ver que não importa quão ruim sejam alguns momentos aqui dentro eles serviram para colocar na minha vida pessoas incríveis. Então...vamos brincar da brincadeira da Dani e ver se também faço o dia de alguém feliz.

+ 5 coisas bonitas em mim:

cabelo
olhos
boca
costas
hummmm ai que dificil....e...sorriso vai

+ 5 coisas que são legais na minha personalidade

sinceridade
inconformismo (me prejudica, mas eu gosto)
lealdade
alegria
gentileza

+ 5 coisas que as pessoas sempre elogiam:

cabelo
sorriso
humor (hahahhahahaha, sempre tenho dúvida se isso é mesmo um elogio ou se só me acham sem noção)
capacidade de dirigir e fazer balizas como um piloto (hahahahahahaha)
lealdade

Bom, amigas e amigos lindas (os):

Dani - linda, elegante, incrivelmente inteligente e de uma sagacidade ácida
Lu molas loucas - corpo perfeito, rosto delicado, atitude de uma supermulher com a sensibilidade de uma menina
Fabi - Extremamente sincera, sofisticada, corajosa, charmosa e desconcertante
Bru - delicada, inocente, lindamente calma, serena e harmoniosa
Juju - forte, decidida, determinada, inteligente e maravilhosa da cabeça aos pés (irmãzinha)

Bom, é isso gente.

Vou voltar para o trabalho

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

calça jeans e verão



Antes mesmo de começar este post vou me redimir da blasfêmia que em breve será proferida. Apesar do que direi na sequência, sou convícta de que a calça jeans está na lista das 10 melhores invenções humanas. Ela é prática, quando não se sabe o que vestir saque uma calça jeans e tudo se resolve. Ela fica bem com qualquer outra peça, blusinha branca e temos uma roupa informal para um dia rotineiro, blusinha preta de noite e ***pluft***, pronta para a balada, camisa social e ***plin***, direto para a reunião.

Além das questões de logística ela ainda levanta a bunda! (Homens, nunca acreditem numa bunda com calça jeans, aquela não é a bunda real, por baixo daquele tecido milagroso há celulite e gordura localizada. Menos na minha é claro, hahahahaha)

Bom, o fato é que vestir uma calça jeans neste verão Senegalês que anda fazendo em São Paulo (Lucas essa é pra você) tem sido sofrível. Pense você, a gente toma aquele banho refrescante logo pela manhã, a água de preferência gélida, para ver se por um segundo o calor sessa, no mesmo segundo em que você sai do banho o suor começa a correr. Ódio. E olha que eu não sou do tipo que sua em bicas hein?! Enfim, ninguém precisa saber disso, rs. Depois do banho a mulher (eu mato quem inventou isso) passa um creme hidratante, ou 20, depende da mulher, tem aquelas que têm um para o rosto, um para o braço esquerdo, outro para o diretio e assim sucessivamente. Mais uma vez, não é meu caso. Pois bem, depois deste ritual vem a calça jeans.

Pessoas, eu juro que não comprei a calça um número menor, juro que não é calça fechada a vácuo, estilo Zezé di Camargo, juro que não comi o suficiente para engordar 5 quilos no fim de semana, mas a calça simplesmente NÃO ENTRA!

Daí vem o pior, a calça não entra porque você está suada e quanto mais você tenta colocar a calça mais suada você fica!!!! Meu Deus, é uma tortura. Neste momento as técnicas mais bizarras entram em ação, a pessoa dá pulinhos com a calça presa ao joelho, ela tenta uma perna de cada vez, tenta se deitar na cama, e nada. A minha técnica tem inspiração no carnaval de Salvador e no funk carioca, o segredo é o rebolation e o chãchãchão. Uma vez que a calça passou pelo joelho você começa o rebolation, desta maneira ela vai subindo lentamente (não precisa cantar tá gente? se não você passará o resto do dia dizendo baixinho no trabalho "o rebolation-tion, rebolation" experiência própria), depois de ter atingido o objetivo de vestir a calça você faz o chãchãochão para que ela fique minimamente confortável para que você possa se sentar no carro. Bom, isto dura uns 20 minutos e neste momento você já precisa de outro banho. Mas calma, pode ser pior, você pode ter que fazer esta coreografia toda num vestiário de academia onde outras tantas mulheres fazem o mesmo.

Sim, eu amo calça jeans, mas nossa relação fica difícil acima dos 30ºC. É só comigo?

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

"apagaram tudo, pintaram tudo de cinza"


Hoje acordei com uma lembrança antiga na cabeça. Como entender a memória? De uma hora para outra ela abre uma gaveta esquecida lá no fundo da mente e retira uma peça velha e simples, há tanto esquecida. Me lembrei de uma manhã de julho, acredito que lá pelo ano de 2005, em que eu, como fazia diariamente, peguei o ônibus 669-A, Terminal Princesa Isabel rumo à faculdade. Eram 7 da manhã e como de costume o ônibus estava abarrotado. Como vocês já devem ter lido em posts anteriores, o 669-A foi apelidado de “inferno na terra” e não foi à toa. Naquela manhã, um senhor, beirando os 85 anos, acredito, estava sentado em uma das poltronas do ônibus e logo que me viu entrando se levantou para me ceder o lugar. Eu, em um misto de espanto, incompreensão e educação recusei, afinal, nada mais justo que um senhor bem mais velho que eu permanecer sentado. Existe até lei para isso, apesar da maioria das pessoas a ignorarem. Em réplica à minha recusa o senhor respondeu: “Eu faço questão senhorita, sou da época em que um homem nunca deixava uma mulher em pé”.


Pois 5 anos depois esta gentileza pairou sobre a minha mente. Por algum motivo ela voltou, e eu me perguntei, em que momento as pessoas se esqueceram da gentileza? Quando elas abriram mão desses gestos tão pequenos e altruístas capazes de fazer o dia de uma pessoa e o mundo todo tão melhor? Como vocês sabem minha mente é o como a do Bob do “O Fantástico mundo de Bob” alguém se lembra desse desenho animado? As coisas mais simples do cotidiano se transformavam em improváveis cenas na criativa mente do menino.


Pois pensei, será que a gentileza ficou lá atrás, esquecida dentro de um saquinho de pano repleto de bolinhas de gude (ou búricas, para quem preferir)? Ou talvez numa garagem perdida entre cordas, bambolês e jogos de tabuleiro? Quem sabe em alguma ruela onde o chão ainda é repleto de traços feitos a giz para que alguém pule em um pé só, de casa em casa percorrendo a amarelinha? Talvez a resposta não esteja nas brincadeiras de antigamente. Talvez a gentileza tenha perdido seu lugar quando as ruas deixaram de ser lugar das pessoas e se tornaram lugar dos carros. Ou até quando os relógios param de mostrar o tempo através do tic-tac preciso dos ponteiros analógicos e começaram a mostrar o tempo em visores digitais e impessoais. A gentileza deve ter ficado para trás quando todos deixaram de escrever cartas de amor e passaram a escrever e-mails, afinal é tão mais rápido. Será que ela se ficou escondida sob a tinta cinza que jogaram por cima das palavras do profeta gentileza? Não sei se a gentileza ficou junto à vida de antigamente, mas com certeza, a gentileza virou coisa de antigamente, artigo de antiquários, que apenas poucos saudosistas insistem em usar.


Eu sugiro resgatar o antigamente. Vamos deixar de lado a pressa, afinal, precisamos realmente correr tanto? Vamos dar menos importância ao que temos. Afinal precisamos mesmo ter tanta coisa? Sugiro ouvir mais os mais velhos, um dia você também vai repetir as mesmas histórias e que triste será se ninguém quiser ouvi-las. Pare o carro para que um pedestre passe, mesmo que o semáforo não esteja fechado para você, isso vai lhe custar meio segundo e a pessoa que espera na calçada enquanto dezenas de carros passam sem a notar vai ficar muito agradecida. Diga bom dia, boa tarde e boa noite, afinal o que isso vai te custar? Isso é menos que gentileza, é educação. Sorria mais. A vida já tem tantos momentos difíceis, por que não melhorar com um sorriso os momentos corriqueiros? Você e todos ao seu redor notarão a sutil diferença. Trate todos com igualdade, sem soberba ou síndrome de superioridade, pergunte ao seu porteiro como foi seu dia, seja gentil com o caixa de uma loja ou com um pedinte na rua. Na realidade o dinheiro, a fama ou status social não tornam ninguém diferente, no fim somos todos humanos, falhos e falíveis, sujeitos ao mesmo fim. Presenteie alguém sem que haja nenhum motivo especial, todos gostam de ser lembrados. Fique feliz pelas conquistas dos outros. E que tal elogiar as pessoas? Um conhecido ou um estranho, todos recebemos tantas críticas diariamente, é bom ser lembrado das qualidades vez ou outra. Ajude alguém sem pedir ou esperar algo em troca. Diga eu te amo com mais freqüência e sinceridade, você não sabe como essa frase pode mudar as coisas. Quem sabe com esses pequenos gestos possamos nos aproximar um pouco da grandeza daquele senhor do 669-A.



"Nenhum gesto de gentileza, por menor que seja, é perdido." (Esopo)


"Se um homem é gentil com desconhecidos, isto mostra que ele é um cidadão do mundo, e que seu coração não é uma ilha que foi arrancada de outras terras, mas um continente que se une a eles." (Francis Bacon)


"Palavras gentis podem ser curtas e fáceis de falar, mas os seus ecos são efetivamente infinitos." (Madre Teresa de Calcutá)



quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

O dia de ontem e os ácaros...


Ontem foi um dia daqueles. Aqueles em que você pensa que seria melhor ter ficado na cama, escondida embaixo do cobertor pra ver se a má sorte esquece de você! Aqueles em que no meio do dia você pensa que deveria ter inventado uma doença qualquer, conjuntivite, virose, caganeira, sei lá, qualquer desculpa boa o suficiente para que ninguém do trabalho te importune! Aquele em que você pensa seriamente em mandar todo mundo pro quinto dos infernos e logo em seguida pegar um avião pra qualquer lugar...qualquer um em cima da terra e debaixo do céu que não seja “aqui”. Pois é, ontem foi assim...


Como quando acordei eu não sabia que o dia seria assim pedi para a Rai, minha faxineira perfeita, que tirasse tudo de dentro do guarda-roupa, de cima dos armários e de dentro das gavetas para que os móveis pudessem ser limpos e a bagunça arrumada.


Explico o surto psicótico (assim já economizo um post rancoroso). Há uns 3 meses eu estou com uma alergia horrível que deixa meus braços, rosto e quase todo o resto cheio de bolinhas, estilo picada de saúva e coçando enlouquecidamente. A coceira era tanta, mas tanta que, pasmem, procurei um médico alergista (ou seria alergologista? Enfim, especializado em alergias). A médica pediu um exame de sangue com umas 30 variações de análise.


(pausa para o drama) Quase morri na clínica, já que (como muitos de vocês sabem) ODEIO agulhas. Além disso o “mocinho” que veio tirar meu sangue era principiante e não sabia diferenciar uma veia de um músculo. Eu apavorei o moço o suficiente para que ele chamasse outra pessoa para realizar o procedimento.


VOLTAAAAANDO à alergia.


A médica descobriu que eu tenho alergia a ácaros. Dããã, meio mundo tem alergia a ácaros. A diferença é que o nível aceitável de sei lá o que (algum agente do ácaro) no sangue é de até 0,35, o meu estava em 24,90, não é preciso ser um gênio da medicina para saber que isso é muito. Com cara de surpresa a médica disse que teríamos que investigar para saber onde eu estava sendo exposta a tantos ácaros. Dãããã parte dois. Como alguns de vocês sabem o ambiente em que eu trabalho não é lá muito limpo. Crostas cinzas de poeira estão em todo o lugar, isso sem falar nas baratas que passeiam livremente pelo ambiente. NOJO.


Dadas as circunstância resolvi tomar a atitude mais óbvia, procurar o RH da empresa (DÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃ......hahahahahaha.....rindo da minha própria ingenuidade). Como eu já previa eles não foram muito “receptivos”. Para ser mais precisa, eles foram uns cretinos. Resumindo me disseram que “aqui é limpo sim e ácaros e sujeira tem em todo lugar, até na sua casa”. Ótimo. Mesmo sabendo que minha casa é muito mais limpa que essa pocilga resolvi limpar todos os ambientes. Como não posso limpar a editora toda terei que pensar em outra saída para esse caso (acompanhe desdobramentos nos próximos posts).


VOLTAAAAANDO à minha casa.


Quando cheguei em casa, às 21:30 (sim, eu estava no trabalho até essa hora) a Rai, infelizmente, tinha feito o que eu pedi. Gente. Era tanta coisa em cima da cama que eu mal podia acreditar. Para que eu compro tantos livros? Por que eu guardo todos eles, inclusive os que eu não gostei? Por que eu guardo mini papéis com todo tipo de anotação inútil? Por que eu guardo material didático da época da faculdade? (se nem na época da faculdade eu usava, imagine agora). Enfim, foram muitos questionamentos, horas de trabalho e uma pilha de lixo. Mas pasmem, estava tudo bem limpinho, aparentemente a Rai é uma descontrolada que limpa TUDO.


Conclusões do dia de ontem:


1 – Eu não preciso guardar tanta coisa, na verdade eu nem preciso adquirir tanta coisa.


2 – Eu não posso comprar mais nenhum livro até ler todos os que estão lá na fila, esperando para serem lidos.


3 – Se eu não abrir todas as correspondências antes de joga-las num canto eu acabarei com uns 3 cartões enviados pelo banco sem que eu nunca soubesse.


4 – Essa empresa quer mais é que eu me foda e morra de alergia.


5 – Tem que ter uma paciência (para bom entendedor pingo é i)


6 – A Raí tem que vir limpar meu trabalho.


7 – Seu quarto é capaz de guardar muito mais entulho do que você pode imaginar.