sexta-feira, 13 de março de 2009

O porquinho Heitor



Hoje recebi de um amigo o seguinte e-mail:

O MENOR CONTO DE FADAS DO MUNDO

Era uma vez uma bela moça que pediu um garoto em casamento:

- Você quer se casar comigo?

Ele respondeu:

- NÃO!

E a moça viveu feliz para sempre, não teve filhos, viajou, conheceu muitos outros garotos, fez plásticas, não lavou louça nem fez jantar, visitou muitos lugares, sempre estava sorrindo e de ótimo humor, nunca lhe faltava pretendentes, ia e voltava quando e para onde queria, saia pra jantar com as amigas sempre que estava com vontade e ninguém mandava nela.
O garoto, ficou velho, careca, barrigudo, engordou, broxou, se fodeu e ficou sozinho....
FIM
Se eu tivesse recebido este e-mail em outro dia e de outra pessoa talvez tivesse passado batido, como faço com tantas piadinhas que recebo ao longo do dia.O caso é que este amigo me ensinou muito sobre liberdade de escolha. Explico.

Em um almoço no boteco, numa sexta-feira qualquer do ano passado, os 3 porquinhos (pseudônimos, rs) conversavam, Cícero (eu) e Prático (molas loucas) falávamos sobre relacionamentos, como os homens não entendem as mulheres e vice-versa, blá blá blá, aquelas generalidades que tendemos a falar com umas cervejas na cabeça, quando de repente, não mais que de repente Heitor lança: “Eu posso opinar sobre isso, já que fui casado com uma mulher durante anos e hoje sou casado com um homem”.

Silêncio

A gente sempre enche o peito pra dizer, EU não tenho preconceito, EU aceito as pessoas como elas são, EU acho que cada um deve fazer suas opções e ser feliz! Mas a verdade é que quando a realidade se mostra assim, sem máscaras e principalmente sem acessórios – por que isso tudo seria muito simples se ele desse pinta, mas não é o caso – você repensa quão livre você realmente é.

Bom, passado o choque da revelação veio o fuzilamento de perguntas, afinal não é todo dia que um amigo te conta assim que é gay e você tem a possibilidade de fazer aquelas perguntas que você sempre quis fazer mas nenhuma revista de comportamento que se preze publicaria.

Bom, sei que não tenho muitos leitores, mas a meia dúzia de gatos pingados que acompanha minhas histórias e devaneios deve estar se perguntando: “ok, por que você está contando isso tanto tempo depois”. Bom, ontem no almoço da Firrrrrma conversamos sobre viver no sistema e viver fora do sistema (doce ilusão)...bom, o fato é que cheguei à conclusão que eu não tenho que pensar igual, agir igual, querer igual, responder igual e o melhor de tudo, se no meio do caminho eu decidir mudar de ideia eu posso! (Heitor, hoje você me fez lembrar deste pequeno detalhe e me fez olhar para o Lobo com outra cara, se bobear saio da minha cabana feita de palha e dou um murro nesse cretino).

Você acha isso obvio? Pois é, eu também achava, mas a verdade é que não é simples. As pessoas esperam de você. Esperam que você seja educado, que se vista bem, que faça uma faculdade, que termine esta faculdade, que obedeça as regras, que se case com alguém do sexo oposto, que seja magra, saudável, um pouco submissa e feliz!

E aí eu te pergunto, e se você for tudo isso e não tiver a ultima palavrinha?

Fecho o texto com algumas perguntas, talvez para mim, talvez para você, talvez para ninguém responder... Você vai fazer os outros felizes ou a si próprio? Está disposto a abrir mão da sua felicidade para se encaixar ou está disposto a abrir mão de se encaixar pela sua felicidade?


“A question that sometimes drives me hazy: am I or are the others crazy?”


Albert Einstein

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