terça-feira, 12 de maio de 2009

Próxima parada


Próxima parada: estação Água Branca
Amontoados.
Minha mala atropela uma mulher morena, que simpática diz, não se preocupe.
Não me preocupo.
Próxima parada: estação Barra Funda, é aqui que eu fico
Para trás as palavras escritas, o vinho bebido e a irritação sentida
Logo atrás os passos apressados e o funil de gente que se espreme a fim de subir quanto antes a escada rolante. Todos parecem estar vivendo seus últimos segundos. Será que aquela correria desenfreada tem razão de ser, ou como o coelho de Alice eles só têm pressa?
Eu tenho pressa, quero fugir o quanto antes.
Meus olhos cansados se fixam nas luzes refletidas nas águas negras do rio.
Cansaço.
Baixo as pálpebras tentando acelerar esse momento, este vácuo entre aquilo que é e aquilo que foi, entre aquilo que foi e o que nunca voltará a ser...
Por alguns instantes gostaria que esse trajeto não terminasse, assim poderia permanecer ali, bem no meio do caminho, eternamente perdida entre dois lugares que não me pertencem.
Solidão.
No meio fio já posso sentir o cheiro, aquele cheiro. Não sei dizer se é de grama, de terra molhada ou de ar limpo, mas o cheiro está lá, já me arranca um sorriso.
Depois disso, acalento.
Momento piegas, abraço, beijos, colo, carinhos...
Pudera esse momento não ter fim, mas, toda escolha implica uma renúncia.
No ultimo momento a água lavou o mundo, meu mundo.
No horizonte uma ponte em vermelho, laranja, amarelo, verde, azul e lilás indicava o caminho de volta...
Marginal parada

Estou de volta

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